16 de jun. de 2014

A banca abriga clássicos da música nacional e internacional (Foto: Thaís Monteiro)
De um lado, o grafite de uma caveira. Do outro, um DJ e sua pick up. Como som ambiente, rock and roll. Dentro, um gramofone, discos, camisetas e vitrolas dividem espaço com um violão autografado por Roger Waters, Lulu Santos, Frejat e outros nomes de peso. Tudo  unido à paixão pos música de qualidade e pelo Long Play, que também atende por vinil ou bolachão. Tal descrição cairia muito bem para uma loja ou algum quiosque no meio de um shopping. Mas é uma banca de jornal. São esses fatores que diferem a D'Vinil das demais e a transformam em um paraíso para colecionadores e fãs de música.

O violão autografado é o mascote da D'Vinil (Foto: Thaís Monteiro)


A arte no exterior da banca desperta a curiosidade de quem passa pela Rua Campos Sales, na esquina com Mariz e Barros, na Tijuca. Para quem procura jornais, revistas ou fazer uma recarga no celular, não é o melhor lugar, mas pode ser considerado ponto de encontro para pessoas de diversas gerações que tenham em comum o amor por discos de vinil. Discos estes que são o carro-chefe da banca e ocupam todas as prateleiras, organizados por ordem alfabética, dividindo espaço dom CDs. Variedade é um dos atributos. Do samba de Elizeth Cardoso ao metal de Black Sabbath, passando por clássicos da MPS e ícones como Toquinho, Vinícius de Moraes, Nirvana e Iron Maiden. 

O idealizador do simpático e inusitado ponto de vendas é o jornalista Fabio Antonio, que deu início à sua extensa coleção de discos quando começou a estagiar na Rádio Manchete. Em 20 anos, o número de LPs chegou a cinco mil. Ele conta que sempre foi aficionado por música é, enquanto trabalhava como estagiário, chegava a receber cerca de oito LPs por dia. "Eu não sabia o que fazer com tantos vinis, então resolvi montar uma loja. Ela é parecida com a banca, voltada paca o mesmo niche de clientes, mas fica em um shopping, em Teresópolis."

A Tijuca foi contemplada com a banca em 2013. Sua inauguração foi em uma data conhecida por gerações de roqueiros do mundo inteiro, escolhida para homenagear o Live Aid, evento que reuniu, em alguns países, Paul McCartney, Eric Clapton, Phil Collins e bandas lendárias como Queen, The Who e Led Zeppeling. Foi o famoso 13 de julho de 1985, que, desde então, é comemorado anualmente como Dia Mundial do Rock. Um pedaço do bairro se transformou em uma espécie de pólo cultural, onde bandas covers da Escola de Música Villa Lobos se apresentaram para um público de 300 pessoas.

Em plana era do MP3, o LP é um atrativo para diversas gerações (Foto: Thaís Monteiro)

E não foi apenas no dia de seu nascimento que calçadas tijucanas foram convertidas em palco. Outras festas e eventos já aconteceram no local. Além da música ao vivo, os clientes podem escolher um disco nas prateleiras da banca, colocar sob a agulha de uma vitrola e sentar para ouvir e conversar com os amigos nas mesinhas que ficam espalhadas entre ela e uma loja de skate que fica em frente, com portas e paredes cobertas por grafite. "Pretendo abrir as portas deste espaço para divulgar bandas alternativas, músicos de diferentes pontos da cidade", revela. 

No Rio de Janeiro, inúmeras bandas querem expor seu trabalho. E também há muitas bancas de jornal. Todas em locais distintos, cada um com suas características e peculiaridades, mas Fabio precisou escolher uma. "Todo mundo me pergunta a razão pela qual escolhi montar essa banca aqui na Tijuca. Ela fica próxima a oito escolas e existem aqueles jovens que não gostam de pagode, de funk ou de axé. É uma garotada curiosa, que entende de música. Eles querem saber como é ouvir o show que uma banda como o Guns n' Roses ou AC/DC fez décadas atrás. O vinil os mostra isso. E ficam encantados, muitos trazem os pais para conhecer a D'Vinil", conta o jornalista. 

Além de atrair adolescentes, amigos e familiares para a compra de discos, outros serviços são oferecidos. Conversão de LP em CD, de VHS em DVD, fita K7 em CD, venda e manutenção de equipamentos, agulhas, cabos e tomadas são alguns deles. Futuramente, Fabio pretende abrir filiais em Copacabana e na Barra da Tijuca, difundindo a paixão pelo vinil por outros pontos da cidade maravilhosa.